Meu Processo Criativo na Pintura Botânica
- Andrea Guimarães Pinheiro Nascimento
- 20 de out. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 18 de dez. de 2024

Olá, querida leitora!
Hoje, quero compartilhar com você um pouco do meu processo criativo na pintura botânica. Meu objetivo é ir além da simples reprodução visual da natureza, eu busco capturar a essência de cada elemento. É uma jornada que envolve observação, conexão e transformação, e cada etapa desse processo traz um novo entendimento sobre o objeto que está diante de mim e, claro, sobre mim mesma.
1. Pesquisa de Campo: Um Olhar Atento à Natureza
Tudo começa na natureza, que é a minha maior fonte de inspiração. Para cada pintura, eu mergulho em uma pesquisa de campo, explorando jardins, florestas ou até mesmo um simples parque. Observar a natureza com calma e presença me permite captar detalhes sutis, nuances de cores e formas únicas que muitas vezes passam despercebidas. Aprendi a ter um olhar atento a natureza e a captar pequenas nuances que passavam desapercebidas.
2. Fotografia: Capturando Ângulos e Perspectivas
O segundo passo é fotografar o elemento que escolhi, explorando-o de diversos ângulos. Essa etapa é crucial, pois me ajuda a entender a tridimensionalidade e a variedade de formas do objeto, além de texturas. Cada fotografia é um recorte da realidade que pode ser explorado de maneira única na pintura.
3. Coleta de Amostras
Quando possível (e respeitando as normas ambientais), faço a coleta de pequenas amostras para um estudo mais aprofundado. Ter a textura e a cor reais do elemento à minha frente enriquece ainda mais a conexão e o entendimento da sua essência. Quando não é possível coletar a amostra eu tenho as fotografias para pesquisar depois.
4. Estudo Anatômico
Com amostras e fotografias em mãos, começo a estudar a anatomia do elemento. Vejo o detalhe de cada folha, pétala ou galho, entendendo suas particularidades e estruturas. Vou dissecando cada parte das flores e desenhando separadas. Esse estudo detalhado me ajuda a ter uma base mais sólida para a fase seguinte.
5. Desenho e construção de prancha de estudo
Agora, é hora de transferir todo esse conhecimento para o papel, começando com um desenho fiel ao objeto. Tento ser o mais precisa possível, reproduzindo as formas, tamanhos e detalhes de maneira cuidadosa. Coloco em um papel tamanho A3 cada estrutura da flor, das folhas e vou montando minha prancha de estudo ou prancha botânica. assim eu crio um acervo para pesquisas futuras.
6. Pintura Ilustrativa
Depois do desenho, começo a aplicar a aquarela, dando vida ao objeto com cores e sombras. Nesta fase, posso optar por uma abordagem mais realista, mantendo as características exatas do elemento. A pintura ilustrativa confere um toque mais artístico. Nessa fase também estudo as cores mais próximas possíveis da realidade.
7. Simplificação das Formas
Com o estudo da forma concluído, chega a etapa de simplificação. Aqui, retiro os excessos e busco representar o essencial, deixando o traço mais solto e o elemento mais limpo visualmente, mas ainda reconhecível. Como diz uma professora querida: não é para ser, mas para parecer.
8. Pintura Solta: O Desenho Desaparece
Essa é uma das minhas fases favoritas! A pintura agora é feita sem traços prévios, deixando a aquarela fluir livremente pelo papel. Esse é um momento de desapego do controle, permitindo que o inesperado se manifeste na obra.
9. Abstração da Essência: Conexão com os Sentimentos
Chego, então, ao ponto mais profundo do meu processo: a abstração. Para mim, abstrair é ir além da aparência visível do objeto, é captar sua essência, aquilo que ele representa em sua forma mais pura.
Para mim a abstração é o que nos aproxima da essência dos objetos, do ser, das coisas e não apenas da sua aparência, por isso a escolha pela aquarela como técnica, pois sua fluidez permite o fluxo e as fusões, a ausência de controle e o surgimento do novo. Cada essência é única, cada fluxo liberta emoções.
É nessa fase que me conecto com o meu interior, permitindo que as cores e formas traduzam sentimentos mais profundos, transformando a obra em um reflexo não apenas da natureza, mas também das emoções que ela desperta em mim.
Conclusão: Criar é Transformar
Meu processo de criação é uma dança entre o controle e o caos, o real e o abstrato, o visual e o emocional. É sobre criar, mas também sobre transformar e ser transformada pela própria criação. E é isso que eu busco compartilhar com cada pincelada: uma conexão verdadeira e profunda com a natureza e com a nossa própria essência.
Espero que, ao conhecer um pouco mais sobre esse processo, você sinta-se inspirada a explorar a sua própria jornada criativa e, quem sabe, também encontre a sua essência nas pequenas belezas do cotidiano.
Com carinho,
Dea Nascimento



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